• sobre os ombros de gigantes


    curadoria de raphael fonseca
    roesler curatorial project

    27 de fevereiro – 10 de abril, 2021
    nara roesler são paulo

     

  • Nara Roesler orgulha-se em abrir seu calendário de exposições anuais em São Paulo com a mostra Sobre os ombros de gigantes, coletiva com curadoria de Raphael Fonseca. A exposição faz parte do Roesler Curatorial Project, iniciativa que, desde meados de 2019, sob direção de Luis Pérez-Oramas, reafirma o compromisso da galeria com iniciativas inovadoras e experimentais, estimulando o diálogo entre diferentes agentes do circuito artístico.

    Sobre os ombros de gigantes reúne artistas cuja produção investiga as relações e tensões presentes nas ideias de tempo e memória. A pluralidade do grupo de trabalhos apresentados, em diferentes linguagens e abordagens, permite uma visão ampliada sobre os temas, introduzindo ao público abordagens contemporâneas que, ainda que não totalizantes, nos possibilitam compreender como narrativas familiares e ancestrais caminham lado a lado com figuras presentes na elaboração de memórias coletivas.

  • ALAN ADI

    A pesquisa de Alan Adi pode se materializar em diversas mídias e formas de ocupação do espaço. Constante em seus interesses é o olhar para as formas como diferentes culturas visuais moldam certas noções de identidade cultural, regional ou mesmo nacional. 

    Nos trabalhos aqui mostrados, o artista dá continuidade às suas pesquisas sobre as relações entre as imagens e a invenção do Nordeste a partir de dois símbolos identitários relacionados à música: a sanfona e o triângulo. Narrativas relacionadas à migração, ao preconceito muitas vezes lançado pelo Sudeste e uma singela homenagem à música popular brasileira se misturam em seus trabalhos.

  • Alan Adi Sanfona sentida II, 2020 instalação 200 cm (linear)

    Alan Adi
    Sanfona sentida II, 2020
    instalação
    200 cm (linear)

  • A relação entre imagem e palavra é um interesse central na produção de Gabi Bresola, especialmente no que diz respeito à produção de publicações. Nascida e criada em Joaçaba, interior de Santa Catarina, a artista tem pais agricultores e algumas das diferenças de suas vivências e o estranhamento que ser uma “artista visual” causa em sua família são alguns dos motores de sua pesquisa.

    Em Revizão, a artista toma anotações de palavras feitas por sua mãe e as compartilha com o público. Acostumada a revisar os textos das publicações com as quais se envolve, a artista se coloca a revisar a escrita de sua mãe e a maneira como ela maneja a língua portuguesa entre a oralidade e a escrita – o que é o “serto” e o que é o “erado”? Em outro trabalho, Gosto do Deleuze, mas prefiro meu pai, a artista cria conceitos filosóficos e pede que seu pai os leia. O áudio traz essa fricção entre a sabedoria de um fazer diário e esse outro saber tido como “acadêmico”. Nas entrelinhas de ambos esses trabalhos, o amor e o respeito pela trajetória de seus pais.

  • Gabi Bresola Revizão, 2018 17 bandeiras, texto bordado em tecido de algodão 96,5 x 199,7 x 2,3 cm

     

    Gabi Bresola
    Revizão, 2018
    17 bandeiras, texto bordado em tecido de algodão
    96,5 x 199,7 x 2,3 cm

  • Gabi Bresola Gosto de Deleuze, mas prefiro meu pai, 2019 texto e áudio 8'23'

    Gabi Bresola
    Gosto de Deleuze, mas prefiro meu pai, 2019
    texto e áudio
    8'23"

  • GUSTAVO CABOCO


    O trabalho de Gustavo Caboco tem lidado frequentemente com o seu aprendizado sobre os Wapichana, povo indígena que vive na comunidade Canauanim, em Cantá, Roraima, onde sua mãe nasceu. Nascido e criado em Curitiba, o artista tem aprendido com seus parentes e ressignificado a sua própria identidade enquanto pessoa e artista.

    Por meio do desenho e da pintura, ele propõe imagens onde o corpo humano é torcido, fragmentado e transformado em diversos outros elementos. Essas narrativas são permeadas de transformação e tendem a convidar o público a também refletir sobre suas próprias ancestralidades. Isso é trazido tanto no título da série de desenhos aqui mostrados – Onde estão os ossos dos seus parentes? –, quanto também na ação das pinturas presentes na exposição: corpos que estão a “plantar bananeira”, ou seja, a ficar de cabeça para baixo sempre conectados com o chão, com suas raízes.

  • Gustavo Caboco série “onde estão os ossos dos seus parentes?”, 2020 caneta branca sobre papel 10 peças de 29,7 × 21 cm

    Gustavo Caboco
    série “onde estão os ossos dos seus parentes?”, 2020
    caneta branca sobre papel
    10 peças de 29,7 × 21 cm

  • Gustavo Caboco coração de bananeira, da série bananeiras, 2020 tinta acrílica sobre tela 70 × 80 cm

    Gustavo Caboco
    coração de bananeira, da série bananeiras, 2020
    tinta acrílica sobre tela
    70 × 80 cm

  • Gustavo Caboco Pedra Sopro Movimento, da série bananeiras, 2019 tinta acrílica sobre tela 80 × 80 cm

    Gustavo Caboco
    Pedra Sopro Movimento, da série bananeiras, 2019
    tinta acrílica sobre tela
    80 × 80 cm

  • Gustavo Caboco pé de bananeira, da série bananeiras, 2021 tinta acrílica sobre tela 80 × 80 cm

    Gustavo Caboco
    pé de bananeira, da série bananeiras, 2021
    tinta acrílica sobre tela
    80 × 80 cm

  • LEILA DANZIGER

    Com uma pesquisa que estende pelas últimas três décadas, os trabalhos recentes de Leila Danziger giram em torno de arquivos, bibliotecas e imagens geralmente coletadas dentro da esfera de sua família e seu processo de imigração da Alemanha para o Brasil no começo do século XX. 

    Sua mãe trabalhou como professora durante toda a sua vida e, ao encontrar um álbum de sua formatura como professora, a artista criou uma série de trabalhos chamado Pesquisa escolar. Usando etiquetas facilmente encontradas em papelarias, o trabalho se apresenta como uma espécie de atlas tanto de pessoas que são essenciais para a educação, mas muitas vezes eclipsadas – como Martin Luther King, Carolina Maria de Jesus e Beyoncé –, quanto de pessoas execráveis, mas presentes especialmente na educação primária da artista – como as figuras relacionadas à ditadura militar no Brasil.

  • Leila Danziger Minha mãe, from pesquisa escolar series, 2021 stamp (graphic ink) on label zand cardboard 76 × 102 cm | 29.9...

    Leila Danziger
    Minha mãe, from pesquisa escolar series, 2021
    stamp (graphic ink) on label zand cardboard
    76 × 102 cm | 29.9 x 40.2 in

  • Leila Danziger Escola Shakespeare # 1, da série pesquisa escolar, 2020 carimbo (tinta gráfica) sobre etiqueta e cartão 76 × 102 cm

    Leila Danziger
    Escola Shakespeare # 1, da série pesquisa escolar, 2020
    carimbo (tinta gráfica) sobre etiqueta e cartão
    76 × 102 cm

  • ANDRÉ GRIFFO

     

    A pesquisa de André Griffo é voltada para a pintura e suas relações históricas com a representação da arquitetura. Longe dos grandes discursos panfletários, o artista nos convida a dar atenção aos mínimos detalhes de suas imagens que refletem as muitas violências que dão corpo às narrativas relativas às histórias do Brasil e suas ruínas.

  • André Griffo Instruções para administração de fazendas 3, 2021 acrílica e óleo sobre tela 177 × 223 × 4 cm

    André Griffo
    Instruções para administração de fazendas 3, 2021
    acrílica e óleo sobre tela
    177 × 223 × 4 cm

  • ANDRÉA HYGINO

     

    Com uma pesquisa voltada para a gravura, Andréa Hygino realizou uma série de trabalhos que pensam não apenas a sua relação com a educação, mas também a de sua mãe. Ambas são professoras e, durante a sua vida, a artista sempre prestou atenção na mesa e cadeiras utilizados pela mãe para dar classes particulares em casa.

    Nascem, portanto, trabalhos que encaram suas bases de madeira como matrizes de xilogravura; suas muitas camadas do tempo são transpostas para o papel. Dialogando com essa série de trabalhos, em outra de suas obras a artista transporta a mesa que sua mãe utiliza há décadas para o espaço expositivo – um pequeno monumento à educação, ao ensino e à oralidade das trocas entre professores e alunos.

  • Andréa Hygino P.E. Matheus coração, da série Prova de Estado (2019), 2019 tinta tipográfica sobre papel japonês 60 x 42...

    Andréa Hygino
    P.E. Matheus coração, da série Prova de Estado (2019), 2019
    tinta tipográfica sobre papel japonês
    60 x 42 cm

  • Andréa Hygino Estudo sobre a mesa, 2015 apropriação de mesa escolar 78 × 221 × 41 cm

    Andréa Hygino
    Estudo sobre a mesa, 2015
    apropriação de mesa escolar
    78 × 221 × 41 cm

  • RANDOLPHO LAMONIER

     

    A pesquisa de Randolpho Lamonier geralmente se usa de elementos tidos como baratos e/ou mesmo reaproveitados como pedaços de tecido e objetos de plástico. Por meio da costura, o artista vai criando “panos” onde oferece ao público narrativas que tanto podem se colocar de forma profética quanto ao futuro, quanto também pensar suas vivências na cidade industrial de Contagem, em Minas Gerais.

    Nos trabalhos a serem apresentados, o olhar do artista se apresenta de forma mais abstrata, com um trabalho em tecido ocupado por diversos objetos geralmente vistos como baratos. Fazendo um par com esse objeto, há um vídeo feito em parceria com Victor Galvão onde ambos se colocam ansiosos perante o futuro e criam uma narrativa majoritariamente feita com animação stop motion.

  • Randolpho Lamonier Sob escombros do tempo - Prólogo para uma Tragédia em dois atos, 2021 pintura, costura e objetos sobre...

    Randolpho Lamonier
    Sob escombros do tempo - Prólogo para uma Tragédia em dois atos, 2021
    pintura, costura e objetos sobre tecido e plástico
    300 x 200 x 30 cm

  • Randolpho Lamonier and Victor Galvão

     DOOM, 2021 [fragment]

    video, full HD, color, stereo sound

    4’55”

     

  • FILIPE LIPPE


    Filipe Lippe é um colecionador de fotografias que tem um caráter histórico: guerras, imagens de políticos, encontros de estado, tomadas de posse, discursos públicos; atenção é dada a diversos tipos de registros. Junto a isso, há um interesse do artista também pelas imagens que registram pessoas tidas como anônimas – sua família, negros escravizados durante o século XIX no Brasil, fotografias de diferentes povos originários do Brasil.

    A partir desse arquivo, o artista propõe novas imagens em que, a partir de sua grande capacidade imitativa, são propostas pequenas intervenções nas composições que pervertem o desejo documental inicial das fotografias. Novas histórias são, portanto, escritas, rasuradas e propostas ao público.

  • Filipe Lippe Weltwehmut – A ressurreição da ternura (MASP), 2020 grafite sobre papel 29,6 x 18,3 cm

    Filipe Lippe
    Weltwehmut – A ressurreição da ternura (MASP), 2020
    grafite sobre papel
    29,6 x 18,3 cm

  • Filipe Lippe Pássaros velhos caem sobre a mesma grama que nós, da série Weltwehmut, 2014 grafite sobre papel 118,9 × 84,1 cm

    Filipe Lippe
    Pássaros velhos caem sobre a mesma grama que nós, da série Weltwehmut, 2014
    grafite sobre papel
    118,9 × 84,1 cm

  • ADRIANO MACHADO


    As relações entre imagem, memória, família e ficção são alguns elementos que interessam a Adriano Machado. Sua pesquisa se utiliza majoritariamente da fotografia e do vídeo em séries de imagens onde ele convida pessoas de sua família e círculo social mais próximo para posarem e criarem diversas narrativas.

    No vídeo mostrado na exposição, uma mulher fita a câmera envolta em fumaça. A imagem – assim como diz seu título – é envolta em mistério: onde ela está? O que faz? Quem é ela? Quais outras figuras ela pode representar? A capacidade de criar imagens que convidam o público à interpretação ampla é um dado essencial de sua pesquisa.

  • Adriano Machado

    Fé e Mistério, 2014

    video, color, HD, 16:9

    2’14”

    Courtesy of the artist, Galeria Nara Roesler and Galeria Kogan Amaro.

     

  • Adriano Machado

    Untitled, 2021

    video, color, HD, 16:9

    11’51”

     Courtesy of the artist, Galeria Nara Roesler and Galeria Kogan Amaro.

  • NO MARTINS


    A partir da pintura, No Martins tem produzido nos últimos anos uma série de imagens contundentes que explicitam tanto o racismo estrutural, quanto seu engajamento com a luta antirracista. Em sua nova série chamada Reuniões políticas, o artista traz imagens de pessoas negras a conversar e interagir entre si em espaços públicos como praias e grandes metrópoles.

    O simples ato de estar junto, de conversar e de transmitir conhecimento pela fala perante o olhar público se configura como um encontro com potência política.

  • No Martins Sem título (Série: Reuniões Políticas), 2021 tinta acrílica sobre tela 280 x 200 cm

    No Martins
    Sem título (Série: Reuniões Políticas), 2021
    tinta acrílica sobre tela
    280 x 200 cm

  • VIRGINIA DE MEDEIROS

    Na série Alma de bronze, Virginia de Medeiros prossegue com sua pesquisa baseada na residência, convívio e troca com pessoas de diferentes grupos sociais, desejos existenciais e formas de se manter vivas.

    A artista residiu na Ocupação Hotel Cambridge e se tornou parte das lutas lideradas por Carmen Silva Ferreira no Movimento dos Sem-Teto do Centro. Próxima das lideranças feministas da Frente de Luta por Moradia, a artista realizou uma série de retratos das mulheres que são moradoras do Cambridge. O último desses retratos é o mostrado na exposição, onde a grande Carmen protagoniza a imagem com toda sua família ao redor. As expressões das pessoas para a câmera transparecem sua confiança na luta pela moradia e na permanência desse engajamento nas gerações futuras de sua família.

  • Virginia de Medeiros Carmen Silva Ferreira, Guerrilheiras, da série Alma de Bronze, 2021 impressão jato de tinta em Hahnemühle Photo...

    Virginia de Medeiros
    Carmen Silva Ferreira, Guerrilheiras, da série Alma de Bronze, 2021
    impressão jato de tinta em Hahnemühle Photo Rag 308
    edição de 5 + 2 PA
    90 × 60 cm

  • MARTA NEVES

     

    O humor e olhar ácido para o sistema de artes visuais no Brasil são elementos constantes na produção de Marta Neves. Na sua série de trabalhos chamada de Não-ideias, a artista encomenda faixas que trazem para o espaço expositivo ou para o espaço público narrativas de fracasso e não execução de ações com nomes de pessoas desconhecidas.

    Dessa forma, a artista convida o público a imaginar quem são aquelas pessoas, porque suas “ideias” não foram executadas e quais seriam os próximos passos desses personagens em suas vidas. Nessa exposição, seu trabalho será exposto na fachada do edifício, certamente trazendo alguma fricção entre o caráter suburbano/popular da faixa e a própria arquitetura mais austera da galeria e sua presença no bairro Jardim Europa.

  • Marta Neves da série NÃO IDEIA, 2020 faixa pintada à mão 70 × 500 cm

    Marta Neves
    da série NÃO IDEIA, 2020
    faixa pintada à mão
    70 × 500 cm

  • AMADOR E JR. SEGURANÇA PATRIMONIAL

     

    A performance e sua interseção com a noção de trabalho é o campo central da dupla/empresa Amador e Jr. Segurança Patrimonial. Como o público reage ao perceber que os corpos dos seguranças que resguardam a integridade das obras de arte em uma exposição são os corpos dos próprios artistas?

    Quanto a seus desenhos, eles reúnem tanto o que já foi realizado, quanto aquilo que está por vir – estas imagens se colocam, portanto, entre o arquivo e o desejo.

  • Amador e Jr. Segurança Patrimonial Protocolo de higienização, 2021 performance

    Amador e Jr. Segurança Patrimonial
    Protocolo de higienização, 2021
    performance

  • Amador e Jr. Segurança Patrimonial Croquis - Serviços da Amador e Jr. Segurança Patrimonial, 2018/2021 tinta nanquim sobre papel 9...

    Amador e Jr. Segurança Patrimonial
    Croquis - Serviços da Amador e Jr. Segurança Patrimonial, 2018/2021
    tinta nanquim sobre papel
    9 peças de 21 × 29,7 cm