• lucia koch | depois de tudo


    31 de agosto – 6 de setembro, 2021

    nara roesler são paulo

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  • Na ocasião da recente inauguração de PROPAGANDA (2021), conjunto de trabalhos que integra a série Fundos de Lucia Koch, em Inhotim, a Nara Roesler São Paulo apresenta Depois de tudo, uma seleção de fotografias que traz os desdobramentos mais recentes dessa emblemática série que vem sendo desenvolvida pela artista desde 2001.

    PROPAGANDA (2021), atualmente em exibição em Inhotim faz parte do programa Comissionamentos Inhotim, no qual artistas são convidados a desenvolver obras inéditas a partir de suas experiências com a instituição e seu entorno. Neste projeto, Koch ocupa, simultaneamente, espaços da cidade de Brumadinho e do Instituto Inhotim, refletindo sobre o lugar da arte e a lógica das manobras de propagação de informações. A obra é composta por intervenções em outdoors, que trazem fotografias de caixas e embalagens vazias que a artista coletou em Brumadinho e Belo Horizonte. As imagens foram então apresentadas em suportes de publicidade já existentes na cidade de Brumadinho, e que foram alugados para o projeto durante todo o tempo da exposição, e em outdoors construídos especialmente para a ocasião, instalados em Inhotim. 

  • Em Fundos, Lucia Koch explora as características arquitetônicas de objetos cotidianos. A artista fotografa interiores de caixas de papelão utilizadas...

    Lucia Koch

    Helmet_3, 2020

    impressão em pigmento sobre papel algodão (verniz UV)

    110 x 176 cm

    Em Fundos, Lucia Koch explora as características arquitetônicas de objetos cotidianos. A artista fotografa interiores de caixas de papelão utilizadas para embalar alimentos, bebidas e outros itens. A ideia para a criação da série surgiu de uma experiência pessoal da artista. “No meu primeiro apartamento sozinha não havia quase móveis, então fiz uma parede de caixas de papelão para guardar minhas coisas, tipo estante. Eu ficava olhando muito pra elas. Na época, eu fazia vídeo e estava numa viagem conceitual de que o vídeo chapava tudo, e usar aquela falta de profundidade pra mim parecia uma invenção. Eu ficava pensando em fazer imagens de fundo de latas, de garrafas, de caixas”, conta Koch, explicitando que não deu prosseguimento à ideia, pela falta de uma tecnologia para impressão em grandes dimensões.

  • Somente em 2001, com o advento de equipamentos capazes de confeccionar o material, Koch retoma o projeto. Essa série de...

    Lucia Koch

    Gadget, 2020

    impressão em pigmento sobre papel algodão (verniz UV)

    120 x 82 cm

    Somente em 2001, com o advento de equipamentos capazes de confeccionar o material, Koch retoma o projeto. Essa série de trabalhos, em produção desde então, recebeu o título Fundos. Cada imagem, por sua vez, tem o nome do produto da embalagem fotografada: Tetra Pak, Tagliatelle, Cream Cracker etc. O título, então, toma ares tautológicos que evocam a natureza concreta do produto, tensionando o encanto ilusório da perspectiva instaurado pelo ângulo fotográfico eleito pela artista. Somos tomados, ainda, pelo sentimento de estranhamento que surge ao nos confrontarmos com objetos familiares que se apresentam sob novas perspectivas, capazes de perturbar nossa percepção. Em especial, nos deparamos com o vazio deixado pela coisa, o produto, que não está mais ali e que, de algum modo, dava propósito para o que deveria armazená-lo. A operação estética de Koch, consiste, então, em uma operação do olhar que transforma o ordinário – as embalagens –, em imagens extraordinárias.

  • Lucia Koch

    Goods, 2020/2021

    impressão em pigmento sobre papel algodão (verniz UV)

    160 x 277 cm

  • Estas, muitas vezes impressas em grandes dimensões, ao serem dispostas em espaços expositivos, tornam-se extensões virtuais do mesmo. A transformação...

    Lucia Koch

    Vinho, 2002

    impressão de pigmento em papel de algodão, laminado UV fosco

    220 x 266 cm

    Estas, muitas vezes impressas em grandes dimensões, ao serem dispostas em espaços expositivos, tornam-se extensões virtuais do mesmo. A transformação pela escala e o ângulo em perspectiva criam o efeito de um lugar inventado, cujos furos e aberturas das embalagens reforçam a ilusão arquitetônica. “Ao desordenar a esperada hierarquia escalar entre aqueles objetos e a extensão das superfícies que suas imagens ocupam nessa série, Lucia Koch desassocia, momentaneamente, as fotografias de seus referentes imediatos […]. Mas além de pôr à prova maneiras usuais de se relacionar com o espaço, essas fotografias também dependem de uma fonte luminosa externa que ative os interiores escuros das caixas; [elas] dependem da luz para adquirirem significados”, pontua o curador Moacir dos Anjos.

    • Frutas, 2021 c-print com laminação fosca 280 x 540 cm
      Frutas, 2021
      c-print com laminação fosca
      280 x 540 cm
    • Verduras, 2021 pigment print on cotton paper (UV varnish) 110 x 220 cm
      Verduras, 2021
      pigment print on cotton paper (UV varnish)
      110 x 220 cm
  • Os trabalhos da série vêm sendo apresentados em inúmeras exposições, individuais e coletivas, desde 2001. Sua primeira aparição pública se deu naquele ano, na mostra solo da artista no Centro Cultural São Paulo (CCSP), em que Koch expõe as primeiras fotos gigantes da série Fundos. No ano seguinte, os trabalhos participaram da coletiva Shift, com curadoria de Luiza Interlenghi, no Center of Curatorial Studies do Bard College, em Annandale-OnHudson, Estados Unidos. Segundo a curadora: “Koch causa perturbação quando coloca, estrategicamente em paredes do museu, fotografias gigantes com imagens de ‘espaços alternativos’. O desdobramento sugerido, das paredes em salas anexas, desaparece à medida que o observador se aproxima das fotografias e pode identificar detalhes que expõem a natureza do objeto fotografado.”

  • Nos anos seguintes, fotografias da série Fundos, em diferentes escalas, integram as mostras da 8ª Bienal de Istambul (2003); Ipermercati...

    Lucia Koch

    Rescue, 2021

    impressão em pigmento sobre papel algodão (verniz UV)

    160 x 110 cm

    Nos anos seguintes, fotografias da série Fundos, em diferentes escalas, integram as mostras da 8ª Bienal de Istambul (2003); Ipermercati dell'Arte – Il Consumo Contestato, no Palazzo Papesse de Arte Contemporaneo, em Siena; e da 27ª Bienal de São Paulo (2006). Muitas vezes, Koch visa criar relações diretas com o universo da publicidade e do consumo. Isso pode ser verificado em dois projetos que se encontram, de certo modo, na origem de PROPAGANDA, são eles a intervenção na 11a Bienal de Lyon (2011), e na 1a Bienal de Rabat (2019), primeiro projeto comissionado da artista no continente africano. Nesse último, Koch realizou fotos do interior de uma caixa de biscoitos Henrys, icônica marca local, assim como do seu exterior, que a artista manipulou, virando a caixa do avesso e invertendo o lado de dentro e o de fora, e as expôs em dois outdoors na cidade. Em um, encontravam-se, na frente e no verso da estrutura, duas imagens, e no outro uma terceira fotografia.

  • Fundos sintetiza métodos e questões estruturantes da prática de Koch, alicerçada na relação entre arte e arquitetura e na utilização...

    Lucia Koch

    Catfood, 2017

    impressão de pigmento sobre papel de algodão

    230 x 110 x 2,5 cm

    Fundos sintetiza métodos e questões estruturantes da prática de Koch, alicerçada na relação entre arte e arquitetura e na utilização de objetos banais para criar efeitos e espaços, virtuais ou reais, capazes de renovar nosso olhar sobre essas diferentes espacialidades, levando-nos a ampliar o modo como percebemos o ambiente.

  • lucia koch

     

    n. 1966, Porto Alegre, Brasil

    vive e trabalha em São Paulo, Brasil

     

    O trabalho de Lucia Koch investiga questões relativas ao espaço e propõe novas formas de experienciá-lo. A artista estabelece um intenso diálogo com a arquitetura – tanto pelo modo como suas obras interferem nos lugares onde são instaladas quanto pela criação de espaços imaginários, o que desafia e reorienta a percepção do espectador. Nas palavras do crítico e curador Moacir dos Anjos, a artista “reorganiza a compreensão visual de espaços [...] e estabelece um sentido público para o trabalho, seja pela negociação envolvida em seu processo, seja pelo desconcertante efeito que causa”. A partir de filtros, tecidos e outros anteparos, ela opera com a luz e seus efeitos cromáticos, sempre tensionando as relações entre o dentro e o fora, a transparência e a opacidade na criação de atmosferas únicas e sensíveis.

    seleção de mostras individuais

    •  Tumulto, turbilhão, Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil (2019)

    •  Casa de vento, Casa de Vidro, São Paulo, Brasil (2019)

    •  A longa noiteSesc Pompéia, São Paulo, Brasil (2018)

    • La Temperatura del Aire, Fundación Caja de Burgos, Burgos, Espanha (2015)

    • Mañana, montaña, ciudad y Brotaciones, Flora ars + natura, Bogotá, Colômbia (2014)

     

    seleção de mostrar coletivas

    • 11ª Bienal de Lyon, Lyon, França (2011 e 2015)

    • 27ª Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (2006)

    • 2ª, 5ª e 8ª edições da Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (1999, 2005 e 2011)
    • 8ª  Bienal de Istambul, Istambul, Turquia (2003)

    • Fiction and FabricationPhotography of Architecture after the Digital Turn, Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Lisboa, Portugal (2019)

    • 2 th Pacific Standard Time: LA/LA (PST: LA/LA) -Learning from Latin America: Art, Architecture and Visions of Modernism, Los Angeles Municipal Art Gallery (LAMAG), Los Angeles, EUA (2017)

    • Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Columbus, EUA (2014) 

    • When Lives Become Form, mostra itinerante no Yerba Buena Center For Arts, São Francisco, EUA (2009); Contemporary Art Museum, Tóquio, Japão (2008)

     

    seleção de coleções 

    • Musée d'Art Contemporain de Lyon, França

    • Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil

    • Museum of Contemporary Art San Diego, San Diego, EUA

    • The J. Paul Getty Museum, Los Angeles, EUA

    • Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil