A simplicidade da composição de Caminho das cores do escuro, trabalho produzido no último ano de vida de Amelia Toledo, é a síntese de décadas de trabalho em diferentes linguagens. A artista, que atuou como escultora, pintora, gravadora e professora, também trabalhou como designer de joias e de projetos, inicialmente no escritório de Vilanova Artigas. Sua prática baseava-se na interação entre forma e matéria a partir de um vocabulário da arte concreta. Em Caminho das cores do escuro, grandes fragmentos de quartzo rosa interagem com uma chapa de aço espelhada. A presença física do material se multiplica na superfície reflexiva. Seu volume parece se ampliar criando uma ilusão espacial que faz convergir as linguagens do pictórico e do escultórico.

Amelia Toledo 
Caminho das cores do escuro, 2017 
chapa de aço inox espelhada e quartzo rosa
140 x 600 cm (dimensões podem variar com a montagem)

A cabana explodida: homenagem a Oscar Niemeyer, trabalho situado, do artista francês Daniel Buren, cria um ambiente que dialoga com a tradição arquitetônica modernista, marcada pelo uso de estruturas modulares e materiais industriais. Como o próprio título comprova, o trabalho é uma homenagem não só a esse estilo, mas a um dos seus principais expoentes no Brasil e no mundo. Os projetos de Buren, assim como os de Niemeyer, modificam a paisagem com formas visuais de forte potencial estético. A cabana explodida interfere não só no ambiente, mas também no modo como o visitante o percebe, pois a paisagem passa a ser vista através das múltiplas cores presentes na estrutura. A interação entre a cor artificial proposta pelo artista e a cor natural da paisagem faz surgir ainda outras possibilidades cromáticas, sempre transitórias, de acordo com a posição do espectador e da luz.

Daniel Buren 
A cabana explodida: homenagem a Oscar Niemeyer, trabalho situado, 2015 
filtros coloridos transparentes e vinil translúcido sobre plexiglas transparente e incolor, estrutura de metal
310 x 850 x 850 cm

Cloud consulate, do argentino Eduardo Navarro, por sua vez, serve como um espaço de refúgio e observação. Apresentada pela primeira vez em 2019, na inauguração do Open Space, projeto da SP-Arte, a escultura funciona como um instrumento óptico, híbrido de periscópio e caleidoscópio. Os espelhos nas paredes internas dessa estação de observação do céu permitem que o espectador que ali entrar possa não só admirar o céu, mas sentir-se rodeado por ele. Nesse sentido a instalação torna-se, como é comum na prática do artista, um veículo sensorial próprio para se fazer alçar o público a outros estados mentais a partir de um certo estado de comunhão com entes e fenômenos da natureza.

Eduardo Navarro 
Cloud consulate, 2019 
espelho, vidro, vinil espelhado e mdf  
edição de 3 + 2 PA 
290 x 350 x 100 cm

Tongue [Língua], do artista suíço Not Vital, é uma estrutura de mais de cinco metros de altura em aço inox espelhado, que emerge no terreno e incorpora em si a paisagem ao refleti-la. Estabelece-se um diálogo com a forma do obelisco, monumento comemorativo cuja origem se encontra no Egito Antigo. Temos a impressão de nos depararmos com uma miragem, pois a paisagem, no espaço daquele corpo escultórico, se distorce e se revela. Vital constituiu sua prática a partir da relação com a natureza. Seus objetos alteram nossa percepção tanto do ambiente em que se situam quanto das estruturas arquitetônicas do espaço.

Not Vital 
Tongue, 2018 
aço inox 
507 x 104 x 124 cm

Raul Mourão 
The Flag, 2020 
aço corten 
300 x 350 x 250 cm